segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Culto ao corpo sem saúde

O número de pessoas que usa anabolizantes triplicou nos últimos anos. Em 2001, 0,3% dos entrevistados que participaram do I Levantamento Familiar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil assumiram tal prática. No último levantamento, 0,9% afirmaram já ter ingerido ou injetado no organismo alguma substância que acelere o crescimento ou a definição muscular. O uso frequente desses hormônios tem estimulado a vigorexia dentro das academias.

A vigorexia é uma doença caracterizada pelo desejo compulsivo em se tornar cada vez mais forte e "sarado". A busca pelo corpo perfeito, que nunca tem fim, ocupa a mente do indivíduo 24 horas por dia. "A todo momento a pessoa pensa na hora de ir para a academia, na hora de tomar a droga, na alimentação e nos suplementos", informa o professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), João Lindolfo Borges.

O transtorno é parecido com o da anorexia nervosa. Apesar de visualmente forte, a imagem que o vigorexo visualiza no espelho é de uma pessoa franzina e fraca, daí o desejo insano pela prática de atividade física, esteróide - a famosa bomba - e a suplementação.

"Esse transtorno começa na cabeça, são pessoas emocionalmente fragilizadas que buscam no corpo algo que falta dentro delas", explica o professor. As pessoas que se encaixam neste quadro quase nunca percebem que estão doentes e que precisam de ajuda. "O tratamento para o vigorexo é multidisciplinar", diz o mestre da UCB. O vigorexo precisa buscar ajuda tanto clínica quanto psicológica.

REFLEXOS IRREVERSÍVEIS

O reflexo da introdução dos hormônios de crescimento no organismo muitas vezes são irreversíveis. Dentre eles estão a infertilidade masculina e a mudança do timbre de voz, no caso da mulher. Além disso, o uso de anabolizantes pode desenvolver câncer de pâncreas, acelerar o desenvolvimento de câncer de próstata, alterar o comportamento - tornando o indivíduo mais agressivo - HIPERTENSÃO e retenção hídrica, entre outros.

Predominantemente usado por homens, os anabolizantes têm sido bem aceitos dentro do universo feminino. As mulheres têm cultuado músculos cada vez mais acentuados. No fim de novembro, a escravidão por esse padrão de beleza resultou na morte de uma adolescente de 16 anos, em São Paulo, a mesma teve morte cerebral após sofrer uma parada cardíaca supostamente depois de utilizar anabolizantes.

Estética e dependência


O Distrito Federal na Guerra Contra as Drogas foi tema do fórum promovido pelo Jornal de Brasília, no dia 3 de dezembro, no auditório do UniCeub. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a droga é toda "substância que, quando administrada ou consumida por um ser vivo, modifica uma ou mais de suas funções, com exceção daquelas substâncias necessárias para a manutenção da saúde normal".

Os anabolizantes se enquadram perfeitamente nessa definição. Os hormônios, de uso medicinal, quando usados por pessoas que não necessitam podem acarretar problemas sérios de saúde e dependência.

Há dois anos um jovem de, 24 anos, começou a usar esteróides. Hoje ele se considera dependente, mas não cogita parar de se drogar. "Resolvi fazer uso das drogas por estética. É a única forma de quebrar os limites genéticos", justifica. Manter o vício despende dinheiro com os hormônios, testosterona ou similares, suplementação e academia. A produção e comercialização de substâncias esteróides anabolizantes são sujeitas à Receita de Controle Especial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nem por isso o mesmo encontra dificuldades em comprálas. "Sempre existe um mercado paralelo. Também existem laboratórios brasileiros clandestinos", revela.

EFEITOS

No homem: diminuição ou atrofia do volume testicular, redução da contagem de espermatozóides, impotência, infertilidade, calvíce, desenvolvimento de mamas, dificuldade ou dor para urinar, aumento da próstata e ginecomastia (desenvolvimento de glândulas mamárias), nem sempre reversível.

Na mulher: crescimento de pêlos com distribuição masculina, alterações ou ausência de ciclo menstrual, aumento do clitóris, voz grossa e diminuição de seios (atrofia do tecido mamário).


Fonte: CFN

Nenhum comentário:

Postar um comentário