quinta-feira, 25 de março de 2010

Mamães em forma

Emagrecer depois do parto é uma preocupação da maioria das mulheres que têm filhos. Especialistas recomendam prática de exercícios e dieta balanceada desde o começo da gestação. Cirurgias plásticas só devem ser feitas um ano depois do nascimento do bebê

São nove meses de espera. Enjoos, inchaços e vários quilinhos a mais. Com o nascimento do bebê, a maioria dos incômodos vai embora. Porém, um desafio permanece para grande parte das mães: perder o peso extra. Nessa hora, nada de desespero ou soluções radicais. Dietas restritivas podem prejudicar a qualidade do leite, afetando assim a saúde da mulher e do bebê. O melhor, portanto, é se programar, cuidando para não engordar muito durante a gestação. Médicos e Nutricionistas são unânimes em prescrever ALIMENTAÇÃO equilibrada e exercícios nos meses de espera para, mais tarde, voltar à boa forma com mais facilidade.

Segundo o obstetra Jair Tabchoury, é normal que, durante a gravidez, a mulher ganhe entre 8kg e 12kg. "Mais do que isso é porque a mãe ou descuidou da alimentação ou teve algum outro problema", conta o médico. A boa notícia é que a maior parte desse peso vai embora durante o parto ou logo depois dele. "No parto, em geral, a mulher perde de 4,5kg a 5kg. Em grande parte, pelo bebê, mas também por causa do líquido amniótico e do sangue perdido", explica Tabchoury.

Nas semanas seguintes, outros 2,5kg são perdidos naturalmente. Isso porque a gestação faz com que a mãe retenha muito líquido, que passa a ser eliminado com o passar dos dias. "O processo se deve a alterações hormonais que acontecem no corpo da gestante e desaparecem com o parto. O mesmo acontece com o sangue. Durante a gravidez, alguns quilos a mais são por causa do aumento da quantidade de sangue que circula no corpo da mãe", completa.

Mesmo assim, é preciso paciência. Os especialistas dizem que o corpo da mulher demora cerca de dois anos para voltar completamente à normalidade. Nesse período, não é indicado nenhum tipo de tratamento mais agressivo para o emagrecimento, principalmente se a mulher estiver amamentando. "Durante a amamentação, o corpo exige uma energia maior do organismo da mãe, portanto, se ela fizer dieta de emagrecimento, por exemplo, a produção de leite materno pode ser afetada", explica a Nutricionista Roberta Conejo.

Por esse motivo, ela volta a bater na tecla dos cuidados durante a gravidez. "É um período de muita tensão para a mãe, e essa tensão pode ser transformada em compulsão por comer, por exemplo, por isso as futuras mamães precisam estar atentas à questão. Os exercícios, além de ajudarem com o peso, ainda auxiliam a controlar a ansiedade", conta Roberta Conejo.

Ioga

A psicóloga Naddia Cristina Soares Lopes, 29 anos, passou por todo esse caminho descrito pelos médicos. Quando a pequena Letícia, 2 anos, nasceu, a mãe havia ganhado 12kg, medida apontada como normal pelos especialistas.

Para isso, Naddia praticou atividade física e cuidou bem da Alimentação. O resultado não poderia ser melhor.

Além de ter uma criança saudável, a mãe não teve problemas para emagrecer. "Eu acho que ou você se cuida desde o início ou vai ter muita dificuldade. Por isso mesmo, eu não descuidei um minuto", diz.

Além da ioga, que praticou desde o terceiro mês de gestação, após a fase inicial de enjoos, Naddia procurou a ajuda de uma Nutricionista. "Ao contrário do que as pessoas podem imaginar, eu não tive que limitar minha alimentação. O que eu fiz foi evitar alimentos ricos em gordura e açúcar, como fast food, salgadinhos e doces", ensina a psicóloga. Dois meses após a chegada de Letícia, ela já tinha perdido 8kg. O outros 4kg foram embora mantendo a alimentação equilibrada e os exercícios. "As pessoas tendem a culpar a gravidez pelas mudanças no corpo. Comigo foi exatamente o contrário. Meu corpo voltou totalmente ao que era antes. Valeu a pena me cuidar", conclui.

Se as alterações no corpo de Naddia foram fáceis de ser controladas, o mesmo não ocorreu com Rebeca Mendes de Siqueira, 27 anos. A mãe de Isadora, 6 meses, sempre teve tendência para engordar e, por isso, precisou seguir uma alimentação bastante controlada quando estava grávida. Ela retirou totalmente de seu cardápio grande parte das frituras, chocolate e outros alimentos ricos em gordura. Por outro lado, aumentou o consumo de frutas, leite, fibras e verduras.

O cuidado foi tanto que ela chegou a passar por um susto. "A minha dieta consistia em comer um pouquinho a cada três horas. Quando pulei uma dessas refeições, meu corpo não respondeu bem e eu tive uma crise de hipoglicemia", lembra a mãe. No fim, Naddia ganhou 13kg durante a gravidez, dos quais 10kg já foram devidamente eliminados. "Eu emagreci naturalmente, mas ainda faltam uns 3kg ou 4kg, que estão me incomodando. Acredito que, com o tempo, eles também vão sumir", torce.

Plásticas

Se regimes de emagrecimento devem ser evitados durante a amamentação, o mesmo vale para as cirurgias plásticas.

A Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia desaconselha qualquer tipo de intervenção cirúrgica pelo menos seis meses depois do parto. "As alterações hormonais que acontecem no corpo da mulher aumentam o risco, por exemplo, de trombose e problemas relacionados à coagulação. Por isso, é melhor ela esperar um pouco antes de se submeter a uma lipoaspiração ou uma abdominoplastia, por exemplo", explica o ginecologista Jair Tabchoury.

O cirurgião plástico Wandler de Pádua recomenda que as mães esperem um ano para se submeterem a intervenções desse tipo. "Cada caso deve ser avaliado individualmente, mas recomendo que esse prazo seja esticado ao máximo, mesmo porque é um momento em que a criança precisa de muita atenção da mãe, que deve colocá-la em primeiro plano", afirma. Se a cirurgia for nos seios, o período de amamentação também deve ser observado. "Depois da criança deixar de mamar no peito e o leite secar, é preciso esperar pelo menos mais dois meses", completa o cirurgião plástico.

1 - Alimento

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criança deve ser amamentada, preferencialmente, até os 6 meses de idade. Nessa fase, o leite materno é o único alimento de que o bebê necessita. Depois do sexto mês, podem ser introduzidos outros alimentos, mas o leite materno pode, e deve, continuar sendo oferecido até os 2 anos. Outro cuidado que as mães devem ter é com a alimentação, já que tudo que elas ingerem pode ser passado para a criança pelo leite. Devem ser evitados alimentos que causam fermentação, como café, frituras e frutas ácidas, pois podem causar cólicas no bebê. Outro cuidado é com medicamentos.

Como agir

Confira as dicas para uma gravidez e um período pós-parto saudáveis:

A dieta durante a amamentação deve ser hipercalórica, já que a mãe necessitará de mais energia para amamentar o filho. Por isso, prefira alimentos mais leves, que não causarão problemas se consumidos em excesso, e busque orientação de um especialista

Evite tomar água pelo menos uma hora antes ou depois das refeições, já que ela contribui para os desarranjos intestinais próprios dos períodos de gravidez e pós-parto

Não consuma alimentos fermentados - como iogurtes, frituras e café - enquanto estiver amamentando, pois eles contribuem para o bebê ter cólicas

Faça atividades físicas de baixo impacto, como hidroginástica e ioga. Atividades mais pesadas, como musculação e exercícios aeróbicos, podem dificultar a recuperação do corpo

Apesar de cada mamada consumir em média 900 calorias, a mãe não deve utilizá-la como forma de emagrecimento, pois pode resultar em uma dificuldade de produção de leite

Só recorra a cirurgias plásticas ou tratamentos mais agressivos depois de passada a fase de amamentação. O ideal é esperar pelo menos 1 ano para fazer operações do tipo

Remédios para emagrecimento, mesmo fitoterápicos, nunca devem ser ingeridos, já que eles são transmitidos para o bebê pelo leite.


Fonte: CFN

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