quarta-feira, 21 de abril de 2010

Consumo de refrigerante vira epidemia nacional

Eles estão presentes nas festas de aniversário, nos almoços e muitas vezes são consumidos diariamente. Recente pesquisa do Ministério da Saúde, baseada em entrevistas com 54.367 pessoas, mostra mostra que o número de brasileiros que consomem regularmente refrigerantes e bebidas açucaradas cresceu 13,4 % em um ano. Em 2008, 24,6% da população com mais de 18 anos consumia este tipo de bebida cinco ou mais vezes na semana. Em 2009, o índice subiu para 27,9%.

- É um dado preocupante, sobretudo pela velocidade do crescimento - afirma Deborah Malta, coordenadora da pesquisa do Ministério da Saúde.

Dados de outra fonte, o IBGE, mostram o crescimento cumulativo: entre 1975 e 2003, o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas aumentou nada menos do que 400% no país.

O alto consumo de refrigerantes está associado não só à obesidade, pois eles contêm, além do açúcar, altas taxas de sódio, o que aumenta o risco para quem tem hipertensão e problemas renais.

O consumo de refrigerantes está sendo alvo de estudos de instituições científicas brasileiras.

Como já é um componente incorporado aos hábitos das famílias, pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro avaliaram o impacto da ingestão excessiva sobre a saúde infantil - e a consequência disso na idade adulta.

Os pesquisadores da Uerj compararam o consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas com o de leite em 1.423 estudantes, entre 9 e 16 anos, de escolas municipais e estaduais de Niterói. O consumo de refrigerantes e sucos industrializados representou cerca de 20% do total de energia média consumida diariamente. Por outro lado, o consumo de leite deixa a desejar: menos de 40% dos estudantes que participaram da pesquisa relataram consumir leite duas vezes por dia ou mais.

Em relação ao iogurte, aproximadamente 52% dos adolescentes referiram consumir nunca ou quase nunca.

Os dados ainda indicaram que quanto maior a faixa etária, menor o consumo de leite e maior a de refrigerantes.

"Esse achado é preocupante, uma vez que a necessidade de cálcio nessa faixa etária é alta, e recomenda-se a ingestão de três porções de leite magro ou derivados, diariamente, visando à promoção da densidade mineral óssea e crescimento linear adequado durante o período da adolescência, e à prevenção da osteoporose e outras complicações provenientes da deficiência de cálcio na vida adulta", informam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.

Além disso, segundo os pesquisadores, a obesidade na adolescência tende a persistir na fase adulta e, dentre os fatores a ela relacionados, está o consumo de bebidas açucaradas.

"O alto consumo de bebidas açucaradas decorre da propaganda indiscriminada destes produtos, atingindo facilmente domicílios e instituições de ensino, onde há uma aglomeração de crianças e adolescentes, estimulando o seu consumo nesta faixa etária", comentam os pesquisadores da Uerj. "Além disso, o baixo preço dessas bebidas associado ao gosto agradável também são fatores que incentivam o seu consumo".

Outro levantamento, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no ano passado, apontou que os pais têm grande responsabilidade nestes hábitos. Ao entrevistar 270 famílias, os pesquisadores descobriram que 67% dos bebês com menos de 2 anos já tinham experimentado refrigerante.



Fonte: CFN

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